Dores e Dádivas

Postado em: outubro 14th, 2017 por Rosa Valgode

1-      … e as feridas emocionais? Elas muitas vezes me paralisam…  – É importante que as feridas emocionais façam o trabalho para o qual elas se fizeram presentes.

2-      Trabalho?! Que trabalho?! – Quando nos sentimos machucados, feridos no corpo emocional é importante perceber a origem e a natureza de nossas feridas. Elas nos darão as pistas do que está faltando para acessarmos o Instante Criador.

3-      Que Instante Criador? – Este! …      Sinta o corpo de Deus no ar que entra e sai de você Agora.

4-      Bem… É difícil… respiro a muitos anos e nunca senti Deus me respirando enquanto eu O respiro. – Pois é, somos o desperdício de vitalidade.

5-      Para que preciso perceber a origem e natureza de minhas dores emocionais? Já não me bastam tê-las? – Não. A consciência faz com que não usemos a dor como álibi para nos sentirmos vítimas do outro. Isto então passa a ser chagas narcisistas, sofrimentos vaidosos, glamorosas doenças.

6-      Mas muitas vezes eu me sinto vítima da injustiça ou incompreensão do outro. – Porém ninguém é vítima de ninguém. É muito comum usarmos nossas dores, mágoas, recalques para obtermos ganhos secundários.

7-      Ganhos?! Que ganhos, quando o que sinto é dor?! – O ganho de culpabilizar terceiros, se sentir injustiçado e isso justificar uma paralisia postural, uma vitimização narcisista.

8-      Mas, então o que devo fazer? – Deixar que a ferida emocional diga ao que veio. Deixe que ela se expresse. Ela certamente te pedirá algo, algo da ordem da cura, da consciência, do perdão. Seja amigo íntimo de tuas dores e elas te confidenciarão segredos numinais.

9-      De que maneira posso me permitir ser amigo de minhas chagas? – Perguntando a si próprio: o que estou sentindo? O que eu penso que foi a real causa de minha dor? Por que eu mereço este desconforto?

10-  Eu mereço esse desconforto?! – Sim, tudo o que nos acontece é por mérito, mérito psíquico. Nós atraímos o abraço ou o tapa que, momentaneamente, nos chega como uma visita oportuna. Deixe que chegue, deixe que parta. Não retenha tuas dores, pois elas têm a missão de friccioná-lo até o limite de sua inércia.

11-  À quem está à serviço tudo isso? – A evolução.

12-  O que é evolução? – Abrir-se mais e mais à Experiência em Deus.

13-  Devo concluir então que quanto menos feridas emocionais cultivadas por minha esperteza patológica mais próximo da Experiência eu estarei? – Sim, nosso vale de lágrimas não deve obstruir nossa cópula com o Agora.

14-  Cópula com o Agora? – É… Êxtase de Pertencimento.

15-  Acho que entendi… – Lembre-se, então: Você não é a dor que sente. Você não é a ferida que te marca, nem tampouco a sua história é sua. Você a tem, mas ela não te possui.

16-  Mas então, quem sou eu? – Você é um pequenino e potente Instante Criador. Cumpra-se e liberte o entorno.