A Terra de Mil Povos
A Terra de Mil Povos – por Kaká Verá
Tupi, Guarani, Tupinambá, Tapuia, Xavante, Kamayurá, Yonomani, Kadiweu, Txukarramãe, Kaingang, Krahô, Kalapolo, Yawalapiti… são nomes que pulsam no chão dessa terra chamada Brasil, formando raízes, troncos, galhos e frutos. São raças? Nações? Etnias?
São memória viva do tempo em que o ser caminhava com a floresta, os rios, as estrelas e as montanhas no coração e exercia o fluir de Si.
Esses clãs, tribos, povos têm uma árvore em comum que remete aos nomes: Tupy, Jê, Karib e Aruak. Mas, antes da chegada das Grandes Canoas-Ventos do século XVI, o que podemos chamar de povo nativo era olhado e nomeado, do ponto de vista tupi, como Filhos da Terra, Filhos do Sol e Filhos da Lua. Na língua abanhaenga também se dizia Tupinambá, Tupy-Garani e Tapuia. Os povos Tapuia eram uma vastidão nômades, de muitos dialetos, que seguiram a Tradição do Sonho. Os Tupy dividiram-se em Tupinambá e Tupy-Guarani e trouxeram dos anciãos da raça vermelha a Tradição do Sol e da Lua.
A história indígna do Brasil transcorre então como a germinação dessas três qualidades de povos: os povos da Tradição do Sonho, os da Tradição do Sol, e os da Tradição da Lua.
A Tradição do Sol e da Lua em um passado remoto eram uma só e foram ensinadas pelos anciães da raça vermelha como Ayuu Rapyta, que pode ser traduzido como ” Os Fundamentos do Ser”, ou “Os Fundamentos da Palavra Habitada”, pois o termo ayuu significa alma, ser, som habitado, palavra habitada”. A raça vermelha é ancestral de todos os principais troncos culturais nativos e deixou como herança a Tradição Una, que com o tempo foi bipartida, tripartida, multiplicada, devido às ações humanas diante dos ciclos da natureza terrena e cósmica e suas respectivas leis. Já a Tradição do Sonho foi germinada pelos Filhos da terra, ou seja, os povos que foram designados como Tapuia, pelos Tupy remanescentes da raça vermelha, depois do Grande Dilúvio da Terra, que Segundo a Sabedoria Sagrada, foi o encerramento do Ciclo Tupã.