A Tradição do Agora
A Tradição do Agora – por Sergio Seixas
De quantos quilos de história se faz um Homem? É possível resgatar o Ser debaixo dos escombros do passado? O pensamento fez de nossa cabeça uma lan-house; nossas emoções endividaram-nos de objetivos; as religiões protegeram-nos de Deus; a filosofia efeminou o Ato de vernizes narcisistas perante a miséria da condição humana; a política legitimou meninos de terno a serem oficce-boys de interesses econômicos; num mundo onde o lucro simboliza o gozo, o capital, este defunto histórico, recusa-se a sua cerimônia fúnebre; a psicologia, no redu tível, prometeu liberar-nos da compactação das identificações, mas se deixou seduzir pelas próprias interpretações; as artes estetizaram o horror documentando-o, documentando-o… sem nada poder propor, pois seria piegas de mais para a sua chique contemporaneidade; a imagocracia fez de nossos cérebros, goma de mascar a serviço de um tempo escorrido no ralo das frustrações pessoais e a fronteira entre afeto e business carencial tornou-se tênue demais para a inteligência do homem adaptado.
O que nos resta senão o Presente? Quando não se tem mais tempo para uma reversão, só o Agora nos resgatará deste entulho apocalíptico. É necessário um martelo simbólico para craquelar o elmo mental e liberar o Instante da Experiência confinado em grossas crostas de cultura.