O Solstício de Inverno é um portal.
O Solstício de Inverno é um portal.
Povos neolíticos sabiam disso. Talvez o download tenha sido inventado há milhares de anos pelos nossos ancestrais em sítios de enormes pedras, em pirâmides monumentais, em bosques cheios de vida invisível ou a céu aberto em torno de fogueiras. Nessas épocas potencializadoras, inícios das estações, a qualidade da energia é diferente – é permeada de informações que purgam alguns dos nossos desvios “ego-Ser”. Quando nos colocamos em postura de receptividade, algo nos acontece. O silêncio e a plena atenção facilitam o download de fótons do Grande Corpo em nossa serpente espinhal – esta guirlanda de chacras. Nessa época ingressamos na essência feminina da Terra, em que úteros psíquicos se disponibilizam à gestação, gestação de ciclos novos que eclodirão nos noventa dias seguintes.
A imersão no yin da Vida, o chamamento para o repouso, o armazenamento das energias, o frio que nos
faz aconchegar, ao mesmo tempo em que ativa a memória das gélidas despedidas que algum dia nos fizeram tremer, a preguiça que nos assedia pelas manhãs, o apetite que aquece e nutre o corpo de calor, o sexo, agora um pouco mais indolente, os rins necessitando o calor dos cereais, das nozes, do Sol, como também
a coluna, os ossos e as articulações. Parece que no inverno o corpo nos pede para tornar-se altar para o Silêncio, templo para a meditação.
Nesse recolhimento consciente o Mistério mostrará o seu Rosto. O Vazio Pleno, a vacuidade para a emergência de conteúdos subjetivos, a gruta onde ecoam vozes de instâncias superiores, o chamado para o Sono de Pertencimento, aquele estado de “ausência” em que nos tornamos Presentes ao Nada Transbordante. A permissão em deixarmo-nos ocos para os ecos, cálices para o vinho, prontos para a prece. Portanto, permitir-se folha em branco para a tinta negra do inverno, é poder ler Aquilo que buscamos na luz do dia
e encontramos na noite escura do Mistério. Não desperdice este portal, é tempo de queima cármica através de downloads fotônicos. Esteja no lugar certo, na hora certa com a atitude certa e observe o que acontecerá. Abra os olhos e veja com o coração.
Que teu renascimento seja percebido!
Terra de Rudá