Um olhar sobre o nosso Tempo – Terra de Rudá

Postado em: abril 21st, 2018 por Rosa Valgode

Tempos de emergência, de assombro, de desatenção e adiamentos, apesar da pressa. Há uma exacerbação do consumo, uma visão fortemente materialista da qual faz parte uma atitude de descarte das coisas e das pessoas. ―Obsolescência programada‖ – eis o conceito: joga-se fora o que é rapidamente considerado velho e se adquiri o modelo mais novo. Somos marcados pela velocidade dos acontecimentos somada à absurda falta de tempo. Toda a promessa tecnológica de termos mais tempo para aproveitarmos a vida, não resolveu o problema e sim, agravou-o. O resultado da pressa é, além da ansiedade, um contato de péssima qualidade com tudo o que se experencia. Vive-se a vertigem da comunicação com suas consequências positivas e negativas. Falsas notícias e acontecimentos se espalham rapidamente, assim como verdades emergem como nunca se viu. As verdades reveladas contribuem para o desmoronamento institucional, para a ruptura com as hierarquias constituídas antes inquestionáveis, além de exigir de nosso corpo emocional um metabolismo para processamento nunca antes visto. Agora questionamos os seus sentidos – acreditar em quê e em quem? É um tempo em que o nosso poder destrutivo aumentou muito. Temos armas poderosas, drones e usinas nucleares que mesmo acidentalmente, são um potencial destrutivo difícil de controlar. Sem falar na violência direta dos homens. Problemas ecológicos se ampliam assustadoramente – tsunamis, furacões, terremotos, inundações, secas… Estamos no reinado da tecnologia – a experiência da rede, celulares e tantas outras invenções com seus aspectos fascinantes e muitos outros desumanizadores se a consciência não estiver presente. Há uma reestruturação dos papéis sociais (o papel do homem, da mulher…), a reorganização da família (separações e recasamentos, família gay, monoparental,..). O que é ser pai, ser mãe, ser filho hoje? Diante de tudo isso, a insegurança, a dispersão e a não realização de si são companhias perenes. E além de tudo, a vida se tornou mais longa, vivemos mais do que antes – o que fazer com a nossa vida? Num passado recente: ―Não sei como me adaptar a estes modelos, estou inseguro…‖ Hoje: ―Não há modelos. Estou inseguro porque não tenho referências, as fronteiras identitárias estão ruindo”.