As Cinco Doenças do Mundo – por Lygia Franklin e Sergio Seixas

Postado em: janeiro 20th, 2019 por Rosa Valgode

 

As doenças são anjinhos tortos que nos guiam o Caminho. Suas coreografias são previsíveis o bastante para podermos nomeá-los estúpidos faróis.

I.  Quando o FÍGADO é humilhado

A frustração do Ser, quando não servido pelo ego, alimenta uma Sombra demandante de mais inconsciência. Esta reação raivosa e vingativa nos impele a ingerir, em demasia, deliciosas porcarias como açúcar branco, farinha branca, gorduras, enlatados, bebida alcoólica, tabacos, leites e derivados – lesivo aos desmamados — telas de computador e TV, estímulos luminosos onipresentes… Os excessos desta comida punitiva degradam o planeta Terra, tornando-nos predadores de criancinhas mal formadas que moram em nossos desejos e, como lucro, fomentam a indústria da preservação e da bondade.

II.  Quando o BAÇO-PÂNCREAS é encharcado de emoções erráticas, provenientes da ausência do ninho discernidor que é a Psyche assistida

O alimento corrompido do Natural nos enche o bucho, mas não nutre nossos corpos. Sem sustância real em nosso centro, desatamos a preocuparmo-nos exaustivamente com a nossa sobrevivência (algo que, de antemão, já nos está garantido através da Ação no Caminho) e, também, preocuparmo-nos com as pessoas das quais o nosso bem-estar depende ou com aqueles que se apoiam em nós. E, portanto, nos consumimos pessoas boas, prestativas e chatas a cobrar aquilo que não nos é devolvido na proporção do que demos. Preocupados em dar conta das coisas e tendo uma incrível e falaciosa identidade de pessoas corretas, tensão, ansiedade e angústia nos oneram o chão da Vida, nossa base vital de energia.

III.  Quando os RINS são drenados pelo medo de nos tornarmos Aquilo que Somos, suas nascentes escorrem por veios que não geram fontes

Frágeis em nos sustentarmos na nossa Real Natureza, a coluna vertebral, articulações, ossos em geral, cabelos e unhas, não suportando a desnutrição, envergam com a falta de libido. Na ignorância de sua Mitologia, o homem enraíza no Medo. Quando os Rins são subjugados, a situação se agrava enormemente. Encontramo-nos no limiar do irreversível. Drenada pela ausência, a Grande Mãe, que nos habita as Costas da Memória, ameaça ruir e levar tudo ao Desfiladeiro dos Zumbis. Com a Consciência subnutrida, criamos um mundo irrespirável.

IV.   Quando os PULMÕES são desmatados

Aqui, chegamos frustradíssimos, preocupadíssimos, fraquíssimos e agora também tristes, apesar dos aditivos excitatórios que nos impomos, para dar conta da penúria em que nos construímos. Com raiva de nós e do mundo, procuramos abreviar a existência, envenenando o ar e alimentando de toxinas as relações à nossa volta. Neste momento, quando o ambiente criado por nós nos é hostil (lembrando o geneticista cria o monstro que o destruirá), estamos caminhando para o fim. Atestamos, aqui, nossa incompetência em reverter todo este quadro, através de uma Educação na qual a Personalidade servisse a Psyche, pois talvez não haja mais tempo. Então, com o mundo fedendo aos noticiários, o órgão mais protegido capitula.

V. Quando o CORAÇÃO desidrata em desamor

Cardiopatas, filhos da Ausência, engordam a indústria do abate. Sofrerão com o Mal de Amor. Não aprenderam a amar e pagarão por isso. Não aprenderam a se amar e entregaram o reino, como tementes abandonados, à Sombra do Mundo que, por um lado, deseja o gozo trevoso da inconsciência e, por outro, aspira por um lampejo frágil de reinício. Não se educaram para fazer com que o coração fosse o lugar das sínteses e, por isso, dessoraram como um fruto ferido pelo corte errado. Um novo Homem precisa brotar através de seu próprio fim. Aquele veneno, construído através da arteriosclerose do Self, passa a ser o antídoto que nos salvará do nosso frio abandono da Alma. E é quando o moribundo, verdadeiramente assistido, pronuncia suas derradeiras palavras: “Morro, mas morro curado.”

Os Frutos da Miserável Árvore Quíntupla da Penúria
A Cintilante Roda da Miséria: faltando a educação no diálogo Ego-Self,construímos desejos fora do Caminho. A partir daí, entramos na rota das frustrações.  Estas lesam o Fígado, a Vesícula, o Estômago, o Baço…e a “sombra” destes órgãos deseja a compensação alimentar através de alimentos corrompidos de seus Dharmas. Com a ingestão desta comida-estufa-barriga, atraímos acontecimentos cindidos. Então, adoecemos em nossos diversos corpos e recorremos ao sistema de saúde que, ancorado numa medicina não simbólica, doente da ignorância de seu berço e aliciada nos negócios,  perpetra a raiz do mal, enquanto amputa os galhos dos sintomas físicos. Arrancadas as pistas à Reconciliação, tornamo-nos reféns dos veladores de defuntos, aqueles que cuidam para que a doença lucre a vida.

Quando os Cinco Órgãos Matriciais que nos sustentam Caminho são corrompidos pela ignorância, um pleroma de gemidos nos acomete Dor. Centenas de martírios surram-nos pelo descaso em Saber. Quantos frutos provêm de um mesmo galho, que brotam de uma mesma árvore? Se por um lado o diagnóstico pode ser a nossa Cura, também ele pode ser a origem de nossa própria doença. Muita cautela quando creditar a um diagnóstico a raiz do mal. Relativizemos os nomes que batizam os sintomas físicos que escolhemos para nos guiar, pois eles geram indústrias de lucros e misérias. O batismo corporifica a existência. A nomeação torna audível aquilo que era apenas uma suspeita. Quando você estiver diante de um Médico Desperto, ele lhe mostrará as pouquíssimas causas que geram infinitas doenças.

Os inúmeros frutos dos cinco galhos da miserável Árvore Quíntupla da Penúria:

. Os frutos do Fígado e Vesícula Biliar Humilhados
Acidente vascular cerebral, alergias. amenorreia, amigdalite, asma, azia; cálculos biliares, carcinomas, cefaleias, cegueira, cistite, coceira, colecistite, cólica, conjuntivite, constipação, contratura muscular, convulsão, deficiência de visão, dermatite, dismenorreia, doença de Menière, doença de Parkinson, eczema, enxaqueca, epilepsia, erisipela, esclerose múltipla, esquizofrenia, fibromialgia, furúnculos, glaucoma, hemiplegia, hepatite, herpes, hipertensão, icterícia, irritabilidade, malária, mania, mononucleose, obesidade, oftalmalgia, otite, pesadelos, prostatite, psoríase, síndrome do pânico, tensão muscular, uretrite, vitiligo, zumbido…

. Os frutos do Baço-Pâncreas e Estômago encharcados de comida sombria

Abscessos, amenorreia, anemia, artralgia, astenia, bócio, cistos no ovário, coágulos, cólica, colite, diabetes, diarreia, dismenorreia, doença de Crohn, endometrite, estomatite, fadiga, falha cardíaca, fraqueza, gangrena, gastrite, gastroenterite, gripes, hemorragia, hérnia de disco, hérnia dehiato, hipotireoidismo, histeria, indigestão, infecundidade, leucorreia, mania, memória fraca, mononucleose, miomas, neuralgia, obsessões, prolapsos, regurgitação ácida, resfriado, respiração curta, rinite, síndrome do intestino irritável, síndrome do pânico, sinusite, tendência a aborto, tensão premenstrual, tontura, transpiração espontânea, úlcera, varizes…

. Os frutos dos Rins drenados de sua Essência Vital

Artrite, cálculos renais, edemas, espermatorreia, espondilose, hérnia de disco, hipertireoidismo, impotência sexual, labirintite, litíase renal, lombalgia, nefrite, neurastenia, queda de cabelo, retenção urinária, reumatismo, surdez, tinnitus, zumbido…

. Os frutos dos Pulmões desmatados de seu Ar

Asma, bronquite, dispneia, embolia pulmonar, melancolia, pneumonia, resfriado, tuberculose…

. Os frutos de um Coração Desamado

Angina pectoris, ansiedade, depressão, infarto, insônia…

Lembramos que os males advêm de combinações diversas e que nosso intuito jamais seria de que o leitor apressado fizesse um autotratamento sem compreender as razões causais de seus distúrbios. Queremos sim, mostrar que hoje temos uma medicina tecnicista e especialista que, se por um lado deveria saber muito mais sobre poucos assuntos e intervir com mais segurança de instrumentais, por outro, acabamos por construir médicos prescritores de exames, com uma escuta superficial e tecnologias substitutas da relação humana. Nunca esqueçam de que nossas doenças são mapas para que não nos perquemos do Caminho de Volta. E que um sintoma deve ser compreendido no âmago de seu apelo, pois cada grito do corpo é um gemido da Alma reclamando nutrição. É imperativo que recuperemos a Singela Profundidade da Medicina do Numinosum, que nasce de sua origem na Vida, na Lei e no possível de nossa Humanidade. A Natureza dará todas as pistas e nosso centramento no Ser nos guiará pelas escuras e oportunistas ruas de nossa desconfiança. Muitas são as doenças para poucas causas e Um Único Sentido.