ENTÃO…, COMO A GENTE PODE SE TORNAR INTEIRO? – por Lygia Franklin
- ENTÃO…, COMO A GENTE PODE SE TORNAR INTEIRO? – por Lygia Franklin
1o- É preciso saber que este é o processo ou evento mais importante da sua vida. Nós sempre priorizamos e por isso, concentramos muita energia naquilo que é mais importante para nós, não é?
2o- Desenvolver a vontade concentrada de estabelecer uma auto- observação constante. Quando comento isto com as pessoas, muitas entendem como algo “pra lá de Marraquesh” de opressor. Acham que estou me referindo a uma atitude de auto-patrulhamento. Não é nada disto. Falo de nos considerarmos com o cuidado que merecemos. Afinal, nós deveríamos ser interessantes para nós mesmos. Esta auto-observação nunca nos é ensinada nos processos educacionais “normais”: família ou escola. Trata-se de se perceber quando estou sendo fiel a mim mesmo em termos de posturas e expressão de idéias e quando estou me traindo em função de sentimentos, ou melhor, das feridas emocionais que carrego. Na prática algumas perguntas precisam se tornar Mantras, isto é, algo que repetimos sempre e que possuem um caráter sagrado para nós. São elas:
– Quais são os sentimentos que esta situação provoca em mim?
– O que está me motivando a escolher isto? (É bom não esquecer que podemos escolher não só situações, mas a maneira como lidamos com cada relação ou evento).
– Estou manifestando o que sinto ou a justificativa que estou dando é uma desculpa até para mim mesmo?
De todas as perguntas a mais importante de todas é: o que estou sentindo? Nossa cultura vem a milhares de anos desvalorizando o sentimento em função da razão. A pior conseqüência disto é um ciclo vicioso em que o sentimento reprimido se transforma em ferida emocional, em emocionalidade. Aí, o que passamos a expressar quando “estouramos” não é o sentimento, mas a sua distorção: a ferida. Como foi distorcido acabamos ficando culpados pelo o que foi sentido e/ou expresso. Não só não curamos a ferida emocional como a acentuamos com um adendo, logo passamos a reprimir mais ainda o que sentimos. Sinistra bola de neve.
Então, para não se ficar preso nesta teia macabra precisamos ser pais e mães de nós mesmos nos re-educando. Um método de educação especial que integre as sensações do corpo, os sentimentos, o que intuímos sobre as coisas e a razão, isto é: tudo o que somos. Existe uma maneira de viver que permite que isto aconteça.