RESSENTIMENTO – por Lygia Franklin
Ressentimento – a palavra diz: sentir de novo a mesma coisa e não sair dali.
O ressentimento é uma emoção de mágoa e raiva ao se culpar alguém por nos ter machucado ou lesado sem se ter conseguido resolver internamente aquela questão. Algumas pessoas se recusam a investir nessa resolução e permanecem silenciosamente ruminando suas acusações que, na verdade, são a consequência da permanência no desconhecimento da motivação profunda da própria Alma envolvida naquela situação.
O ressentimento confere um estado de pseudo-dignidade dispersiva. Pseudo-dignidade porque a pessoa se avalia magoada / lesada injustamente pela outra – “a outra pessoa possui defeitos horríveis e imperdoáveis, logo ela é melhor que a essa outra”. Esse é o processo emocional inconsciente ou semiconsciente que a consome.
Quem conhece a forma como a nossa Psique opera sabe que a pessoa ressentida sente uma imensa dificuldade de assumir a autoria da própria vida e gasta seu tempo culpabilizando o outro – “o outro é o responsável pela sua tristeza e dor”, por isso essa é uma emoção dispersiva do que deveria ser o foco central de todos nós: a autorrealização que não depende do outro, mas sim, do que fazemos com as nossas potências e com as nossas dificuldades.
Na verdade, o ressentimento é a compensação de algum estado de frustração com o qual não se sabe lidar maduramente. Se ficarmos estacionados nele, seremos envenenados cada vez mais pelo ciclo sombrio da frustração – ressentimento – não realização – frustração… Mas, somente a própria pessoa pode se libertar disso tudo conhecendo-se e vencendo as próprias dificuldades, podendo se perdoar e ao outro, se houver necessidade, e assim, canalizar sua energia liberada do ressentimento curado para a real manifestação da sua potência de vida.