A Perfeição é Agora. – Mística do Ato

Postado em: março 14th, 2021 por Rosa Valgode

A Perfeição é Agora.
Precisamos lutar no aperfeiçoamento da Perfeição, como a estátua que esculpe a mão que esculpe a estátua. Somente um Indivíduo constituído na singularidade de seu “Sujeito” conseguirá reconhecer e viver o Agora. Aqueles que não são o seu próprio rosto necessitarão de algo ou alguém que os salvem de si próprios. Portanto, só se chega ao Agora integrando-se o passado, um longo passado. A Vivência da Mística do Ato será verdadeira quando a experiência de entregarmo-nos ao paradoxal enlevo que o Instante “É”, nos tomar Presença.

 Fundamentos do Ato

I – Conhecer-se a si mesmo
II – Abrir-se a “fala do Mistério”
III – Partilhar-se exemplo vivo no mundo à volta
IV – Aquietar-se no exercício do Ato

Instrumentos de Chegada ao Presente

I – Processo terapêutico
II – Estudos do pensamento oriental-ocidental
III – Consciência corporal
IV – Meditação
V – Observação do Natural
VI – Celebração no Ato
VII – E tudo o mais que facilite a Arqueologia do Ser

 Alguma Estrutura de Convívio

  • Lideranças naturais fundadas no mérito anímico são belas e auspiciosas. Não se deve institucionalizar líderes compulsórios, baseados em articulações políticas. Nem a democracia com “liberdade” aparente de voto, que escamoteia ardilosos interesses políticos manipuladores, nem autoritarismos desrespeitosos ao Indivíduo são balizas confiáveis. Há de se amadurecer na observância de seres mais sábios, mais maduros, mais equilibrados em suas ações. A meritocracia anímica é o justo parâmetro ancestral de se legitimar um lugar representativo de voz. Há de se amadurecer na anuência em lideranças naturais, firmes e flexíveis, onde discurso e prática se correspondem. Não há necessidade de sedes, edifícios ou endereços que nos exijam o consumo excessivo de energia em mantê-los economicamente viáveis. Assim como não há necessidade de igrejas, templos, mosteiros ou lugares privilegiadamente sagrados que representem a casa de Deus, posto que a casa do “Ser Que É” é Aqui e Agora e cada indivíduo e lugar são templos vivos do Instante. Todos os lugares são os lugares da Presentificação, embora Ágoras de convívio sejam bem vindas.
  • A Natureza será sempre um campo fértil para encontros e ritos de Alinhamento, Recordação, Entrega e Deleite.
  • Estruturar um modus operandis no mundo que nos cerca, com pessoas diferentes, visões diferentes, opiniões diferentes requer a bússola da sabedoria, o prumo da ação sensível e prática.
  • Não confundir este natural anseio com um desejo de institucionalização. As instituições, muito rapidamente, se transformam em lugares para “pessoas-objetos” que necessitam de regras para se manterem concentradas em seus objetivos. Em pouco tempo as leis, as normas, as regras, os dogmas, passam a ser mais importantes que os Indivíduos. As instituições têm se mostrado vampiros da alma.
  • Não há imagens do Instante, do Agora, do Pleroma que possam ser idolatradas.
  • Não há pecado original, há ignorância da natureza do Ser a operar-nos tecido tecendo. Quando o “eu” não serve ao Instante, todo o desvio se funda, todo o desassossego nos acolhe triste morada.
  • Lembremos também de que “estar consciente” é diferente de “ser consciente”.

A identidade do Homem Contemporâneo é convergência móvel, intercessões dinâmicas, confluência de pulsões da Potência em Ser, onde “eus” autênticos e contumazes pedem território de expressão. Ser contemporâneo é tornar-se “campo friccional” entre os recursos imanentes que nos constituem e a necessidade de um ego estruturado, capaz de sustentar diálogo com essas vozes que nos povoam, às vezes paradoxais, às vezes complementares. Nosso verdadeiro rosto é a síntese integrada dessas falas vitalícias que nos impõem um nome e um lugar no mundo. Portanto, o Homem atualizado é aquele que morre às suas resistências ao plural e torna-se singular em sua pluralidade por isso livre, por isso amante.

E por fim e, de extrema importância, devemos lembrar que estas proposições não poderão virar uma religião, nem mesmo se entendermos religião como um corpo simbólico inspirador ao desenvolvimento do Ser e práticas que nos facilitem a religação da experiência em Deus. Tudo o que não precisamos é, através do medo, da culpa, do pecado, da submissão compulsória, da repetição de ritos destituídos de Inteligência arquetípica, tornarmo-nos filhos tementes a um deus que abandona a singularidade do indivíduo em detrimento das massas úteis aos objetivos institucionais e, portanto, usar a religião para protegermo-nos tanto de sua ira, quanto de seu gozo.

Uma experiência pessoal, intransferível e partilhada com o em torno é o que aspiramos na relação com o sagrado, posto que a Eternidade não tem a menor necessidade de religião. Tampouco pretendemos dar conta de compreender o mistério da vida, uma vez que a vida é para ser experenciada e não teorizada e também porque o nosso intelecto é demasiado limitado para tamanha vastidão. Para aqueles que vivenciam a inteligência anímica, lembramos que os dois próximos milênios da Era de Aquário serão do “Homem Nu” e não, das instituições.

É fundamental realçar que nós, da Terra de Rudá, estamos nessa busca – um projeto em constante construção. Busca em tornarmo-nos aquilo que somos. Busca em retornarmos ao nosso lugar: o Êxtase Esclarecido. Busca em que o nosso Ato seja a Mística do Ser que se fez mundo.

É fundamental realçar que nós, da Terra de Rudá, estamos nessa busca – um projeto em constante construção. Busca em tornarmo-nos aquilo que somos. Busca em retornarmos ao nosso lugar: o Êxtase Esclarecido. Busca em que o nosso Ato seja a Mística do Ser que se fez mundo.