O Homem Vazado pelos Enunciados do Agora, Verte enquanto Estoca.

Postado em: maio 18th, 2019 por Rosa Valgode

  • O Homem Vazado pelos Enunciados do Agora, 

                                                                                 Verte enquanto Estoca

Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas que vêem de Cima orvalham certezas. Sob a gravidade dos éteres, o corpo em arbítrio se deixa guiar. A Língua de Cima nos condena à Liberdade e o filho que há em nós serve, ao Pai, a Vida que lhe foi servida.

Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas que vêem de Baixo nutrem de Mãe Aconchegada os desígnios dos passos, quando se fazem estrada. Seiva do fundo a injetar Lar no andarilho humano dá força de terra à Alma Vagante. A Língua de Baixo nos compromete pé no rascunho do chão.

Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas que vêem do Centro aninham os mundos como os nós inventam a rede que engendra o peixe que desenha o pescador e suas fomes. A Língua do Centro umbiga tudo que parece desgarrado.

Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas que vêem do Leste, brotam com a emergência da Vida que precisa viver em nós. A Língua do Leste nos move à Ação na Diferença.

Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas do Norte (para o hemisfério sul) se experimentam transbordamento em Colheitas de Méritos. Dão-se os exatos frutos do cuidar daquilo que, nascido, reclama o Afeto Constitutivo. A Língua do Norte nos entusiasma Presente de viços e graças.

Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas que vêem do Oeste declinam serenas na direção de seus ocasos. O que um dia foi transcendência, aos poucos, centrifuga-se até tornar-se imanência. O Retorno ao Nada é anunciado com as folhas que desaparecem galhos e reaparecem chão. A Língua do Oeste nos abraça adeus. Colhidos os frutos, ficam as sementes.

Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas que vêem do Sul (para o hemisfério sul) buscam, inertes, o paiol da Meditação. Escutam-se a si próprias, seus silêncios confortados pelo Vazio. A Semente é a certeza de um futuro, que se recusa a faltar. A Língua do Sul nos adormece Presença, na latência do Eterno.
Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas que vêem de Dentro sonham-nos o Real. Etéreo território, nos confina os Tempos em impressões que, cremos a nós próprios, compactos de opiniões. A Língua de Dentro faz possível o Rumo.

Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas que vêem de Fora bolinam os sentidos e os fazem janelas de paisagens. Cócegas à mente, aquilo que nos agenda atenção devolverá olhar para o lugar onde os eventos são chocados – A Psyche. A Língua de Fora prova-nos iguaria de dessemelhanças.

Aquele que é Mar enquanto escuta, Céu enquanto olha e Horizonte enquanto fala, sabe que as Coisas que vêem de Nenhuma Direção são tão somente elas mesmas pois suas momentâneas realidades servem ao Grande Corpo, à integração Daquilo Que É e aparentemente jaz separado em Mundos Friccionais.

* Texto extraído do livro Parição da Presença – Lygia Franklin e Sergio Seixas